Você sabia que uma parte significativa do capital que movimenta o setor imobiliário de médio e alto padrão vem de escritórios que cuidam das fortunas dos super-ricos? São os chamados family offices, estruturas especializadas na gestão de patrimônios bilionários de famílias e indivíduos de altíssimo poder aquisitivo.
Segundo reportagem recente da CNN Brasil, esses investidores têm apostado cada vez mais no mercado imobiliário brasileiro, com foco em dois segmentos opostos: habitação popular e alto padrão. Já o mercado intermediário, voltado à classe média, tem perdido espaço nesse tipo de portfólio — muito por conta dos juros altos e do cenário econômico desafiador.
Mas afinal, o que isso tem a ver com você, corretor ou gestor de imobiliária? A resposta: tudo. Compreender como esses grandes investidores pensam, onde alocam seu capital e como operam pode abrir portas para parcerias valiosas, oportunidades de captação e novos negócios altamente rentáveis.
Vamos entender melhor esse cenário e como você pode se posicionar.
O que são Family Offices e como eles atuam no mercado imobiliário?
Os family offices são empresas criadas para gerir o patrimônio de famílias muito ricas — com fortunas geralmente acima de R$ 50 milhões. Seu objetivo é preservar, multiplicar e diversificar o capital ao longo do tempo. E, dentro dessa estratégia, o mercado imobiliário ocupa um papel relevante, por ser considerado uma classe de ativos segura e previsível.
Esses escritórios não compram apenas imóveis prontos: eles participam do ciclo completo de um empreendimento, muitas vezes atuando como sócios de incorporadoras. Isso inclui:
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Aquisição de terrenos;
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Análise de viabilidade do projeto;
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Estruturação jurídica e financeira;
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Financiamento da obra;
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Participação nos lucros da venda.
Segundo a reportagem, até 20% do capital necessário para um projeto imobiliário pode ser financiado por family offices — especialmente em negócios com retorno estimado superior ao da renda fixa tradicional.
Quais tipos de empreendimentos interessam aos super-ricos?
De acordo com os dados divulgados pela CNN, os family offices estão focados principalmente em dois nichos:
✔️ Habitação Popular
Apesar de parecer contraditório, o segmento econômico — especialmente o Minha Casa Minha Vida — tem chamado atenção desses investidores. A explicação está na alta liquidez, demanda constante e subsídios públicos, o que garante um risco mais controlado e retorno estável.
✔️ Imóveis de Alto Padrão
Já no extremo oposto, os empreendimentos voltados ao público AAA continuam atrativos. Eles oferecem margens de lucro elevadas e contam com compradores menos sensíveis a juros ou instabilidade econômica.
Por outro lado, imóveis voltados à classe média — que dependem fortemente de crédito — estão sendo evitados nesse momento.
Como corretores e imobiliárias podem aproveitar esse movimento?
✅ 1. Construa pontes com incorporadoras e investidores
Muitos family offices não acessam diretamente o mercado — eles se conectam a ele por meio de incorporadoras, fundos imobiliários ou consultores especializados. Você pode atuar como um conector entre terrenos, oportunidades de projetos e esses investidores.
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Tem acesso a bons terrenos urbanos? Ofereça para incorporadoras que atuam com capital de family offices.
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Atua em bairros de alto padrão? Monte dossiês de oportunidades e apresente para investidores.
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Trabalha com estoque parado? Proponha modelos de build to rent (construção para locação) com capital institucional.
✅ 2. Entenda o mercado além da venda final
O corretor tradicional está focado apenas na venda ou locação do produto final. Mas no universo de investimentos, o foco está no desenvolvimento e na estruturação do negócio.
Invista tempo em estudar:
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Indicadores de viabilidade de empreendimentos;
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Modelos de partnership entre investidores e incorporadoras;
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Retorno sobre investimento (ROI) e fluxo de caixa de projetos;
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Fundos de investimento imobiliário (FIIs) e seus formatos de aquisição.
Esse conhecimento pode abrir portas para atuar como consultor de negócios imobiliários, e não apenas como intermediador de vendas.
✅ 3. Ofereça um atendimento compatível com o público investidor
Se você tiver a oportunidade de atender diretamente um family office ou gestor de patrimônio, lembre-se: o foco deles não é emoção, é retorno e segurança jurídica.
Tenha em mãos:
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Projeções de valorização;
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Análise comparativa de mercado;
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Potencial de rentabilidade de aluguel;
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Estimativas de fluxo de caixa;
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Modelos societários de estruturação.
E acima de tudo: seja discreto, objetivo e extremamente profissional.
Oportunidades para quem trabalha com alto padrão
Se a sua imobiliária já atua com imóveis de luxo ou em bairros nobres, esse é o momento ideal para:
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Criar um portfólio exclusivo de imóveis prontos e terrenos para incorporação;
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Produzir conteúdo voltado a investidores (e-books, relatórios, artigos sobre valorização);
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Participar de eventos e rodadas de negócios com construtoras, fundos e investidores.
Esse relacionamento pode ser construído aos poucos, mas tende a ser duradouro e muito lucrativo, já que os family offices operam com visão de longo prazo.
Conclusão: Não são apenas imóveis — são estratégias de investimento
O envolvimento dos family offices no mercado imobiliário brasileiro mostra que o setor está mais sofisticado e diversificado do que nunca. Corretores e imobiliárias que entendem esse novo cenário, ampliam sua visão e adaptam sua atuação, podem não apenas vender imóveis — mas participar de grandes negócios estruturais e corporativos.
Mais do que atender clientes finais, você pode atender investidores profissionais com fortunas bilionárias, desde que esteja preparado.
Fonte: CNN Brasil – Como os escritórios de gestão de super-fortunas investem em imóveis