Escritórios Vazios se Tornam Apartamentos nos EUA: O Que Corretores e Imobiliárias no Brasil Precisam Observar

A pandemia transformou o mundo — e com ele, a forma como as pessoas vivem e trabalham. Nos Estados Unidos, um efeito colateral importante está ganhando força: o home office contínuo reduziu drasticamente a ocupação de escritórios em grandes centros urbanos. O resultado? Uma onda crescente de conversões desses espaços comerciais em empreendimentos residenciais.

Esse movimento, já em curso em cidades como Nova York, Los Angeles e Washington D.C., é mais do que uma curiosidade internacional. Para corretores de imóveis e gestores de imobiliárias no Brasil, ele pode antecipar uma transformação que, mais cedo ou mais tarde, poderá bater à nossa porta.

O Que Está Acontecendo nos EUA?

Segundo a Moody’s Analytics, a vacância dos escritórios comerciais nos EUA alcançou 20,1% no segundo trimestre de 2024 — um dos maiores índices em décadas. Enquanto isso, a demanda por moradias urbanas continua alta, impulsionada por jovens profissionais, famílias menores e a valorização da mobilidade.

Com isso, mais de 70 milhões de pés quadrados (cerca de 6,5 milhões de metros quadrados) de escritórios estão em processo de conversão para outras finalidades, segundo a CBRE. E, pasme: 63% desses projetos estão sendo transformados em apartamentos residenciais, principalmente no modelo multifamiliar.

Oportunidade ou Ameaça? O Que Isso Significa para Corretores e Imobiliárias

Embora esse fenômeno esteja acontecendo nos EUA, ele traz insights diretos para o profissional do mercado imobiliário brasileiro. Veja alguns pontos que merecem atenção:

1. Surgimento de um Novo Nicho de Mercado

Imóveis comerciais ociosos, especialmente em centros urbanos, podem se tornar o próximo foco de investidores e incorporadoras. Corretores que atuam com imóveis comerciais devem começar a reavaliar a vocação desses espaços — e entender se há potencial de reposicionamento.

Você trabalha em regiões centrais da sua cidade? Está próximo de polos comerciais esvaziados após a pandemia? Talvez esse seja o momento ideal para fazer uma leitura estratégica da sua carteira de imóveis.

2. Busca por Profissionais com Visão Consultiva

Corretores que entendem de urbanismo, tendências arquitetônicas e legislação local vão se destacar. A conversão de uso de imóveis exige conhecimento técnico, diálogo com prefeituras e uma visão de longo prazo. Se você quer se diferenciar no mercado, estudar sobre viabilidade de retrofit, aproveitamento de espaço e zoneamento urbano pode ser um diferencial importante.

3. Reposicionamento das Imobiliárias em Grandes Centros

Donos de imobiliárias precisam ficar atentos ao comportamento dos investidores institucionais. A transformação de escritórios em apartamentos nos EUA está sendo viabilizada por incentivos fiscais, aprovação facilitada de projetos e parcerias com governos locais. No Brasil, algo semelhante pode surgir — especialmente em cidades que vivem crises no setor corporativo e falta de habitação acessível no centro.

Quem se antecipar, poderá ajudar a conectar oportunidades: prédios comerciais desocupados, incorporadoras com apetite e o setor público em busca de soluções urbanas.

Os Desafios Técnicos e Financeiros

Claro que transformar um escritório em um apartamento não é simples. Os edifícios comerciais são, muitas vezes, incompatíveis com a planta e as exigências dos imóveis residenciais. Alguns obstáculos comuns incluem:

  • Pouca ventilação e iluminação natural (planta profunda);
  • Sistemas de encanamento e gás incompatíveis com unidades independentes;
  • Normas técnicas distintas de segurança e acessibilidade;
  • Custo elevado de reformas estruturais e licenciamento.

Nos EUA, apenas 15% dos edifícios de escritórios são considerados “bons candidatos” à conversão. Portanto, essa não é uma solução universal — mas sim uma oportunidade seletiva, com grande potencial em pontos específicos do mercado.

Exemplos Inspiradores

O projeto The Crosby, em Los Angeles, é uma referência. O prédio, antes sede da Texaco, foi completamente reconfigurado por dentro, mantendo a estrutura e transformando-se em um edifício residencial de alto padrão com mais de 300 unidades. A proposta incluiu piscina, academia e espaços de coworking, conectando o estilo de vida urbano à nova realidade do trabalho híbrido.

Esse tipo de modelo — misto, urbano, prático — dialoga com o perfil de muitos compradores nas capitais brasileiras. Jovens profissionais, nômades digitais e casais sem filhos buscam justamente esse tipo de praticidade.

O Que Corretores e Imobiliárias Podem Fazer Agora?

Mapear ativos subutilizados

Faça um levantamento dos imóveis comerciais desocupados na sua região. Verifique zoneamento, condições estruturais e localização.

Criar parcerias com investidores e incorporadoras

Esse é o momento de oferecer insights estratégicos para quem busca novas oportunidades de investimento. Traga soluções, não apenas imóveis.

Investir em capacitação

Você está preparado para discutir conversão de uso com confiança? Conhece as leis locais de uso e ocupação do solo? Se não, talvez seja hora de investir em cursos voltados ao mercado imobiliário urbano.

Explorar o tema como marketing de autoridade

Imobiliárias podem usar essa tendência como pauta de conteúdo para atrair leads. “Você sabia que aquele prédio comercial da esquina pode virar um prédio residencial?” — Esse tipo de provocação pode gerar engajamento e atrair investidores curiosos.

Tendência ou Realidade Iminente?

O Brasil ainda não enfrenta o mesmo nível de vacância dos EUA, mas sinais de saturação no setor corporativo já aparecem em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. Além disso, o déficit habitacional urbano continua sendo um problema grave.

A conversão de uso pode se tornar, no médio prazo, uma alternativa estratégica para revitalizar centros urbanos e gerar novas receitas. Corretores e imobiliárias que estiverem atentos a isso estarão um passo à frente do mercado.

Conclusão

A transformação de escritórios vazios em apartamentos nos EUA mostra como o mercado imobiliário é resiliente e criativo diante de crises. Para o corretor ou gestor imobiliário no Brasil, essa tendência representa inspiração, oportunidade e sinal de alerta.

Mais do que vender ou alugar imóveis, o profissional do futuro será aquele que conecta possibilidades, antecipa movimentos e entende as transformações do mundo à sua volta.

E você — já começou a olhar com outros olhos para aquele prédio comercial sem movimento no seu bairro?

Fonte: CNN Brasil – Nos EUA, home office está transformando escritórios vazios em novos apartamentos

 

Foto de Equipe Volsi

Equipe Volsi

Posts Recomendados

Impulsione seu negócio no digital

Com as soluções certas em inovação, criatividade e resultados, seu negócio vai mais longe em menos tempo.