Uma pesquisa recente realizada pela Loft, em parceria com a Offerwise, revelou um dado revelador: três em cada dez brasileiros pretendem comprar um imóvel com foco em investimento nos próximos 12 meses. Pela primeira vez, esse motivo supera a intenção de compra para moradia, que ficou em 27%. Esse é um sinal claro de que o mercado está passando por uma reconfiguração no perfil de compradores.
E, para você que é corretor de imóveis ou dono de uma imobiliária, essa é a hora de se posicionar estrategicamente. Estamos diante de um novo tipo de cliente: o investidor imobiliário, e ele tem expectativas, objetivos e comportamento de compra diferentes de quem busca apenas um lar.
Vamos entender melhor esse movimento e, principalmente, como transformar essa tendência em oportunidade real de crescimento para o seu negócio.
Quem é o novo investidor imobiliário?
Segundo a pesquisa divulgada pela CNN Brasil, o perfil predominante dos brasileiros com intenção de comprar imóveis para investir é:
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Idade: 25 a 34 anos;
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Classe social: A e B;
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Escolaridade: ensino superior completo;
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Estado civil: casados;
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Regiões com maior intenção de compra para investimento: Norte (36%), Sudeste (30%) e Nordeste (28%).
Ou seja, trata-se de um comprador jovem, bem informado, digitalizado e com acesso a crédito ou capital próprio. Ele está atento às tendências, lê sobre finanças e compara imóveis como quem avalia uma ação da bolsa: com foco em retorno, liquidez e risco.
Por que o brasileiro quer investir em imóveis?
Há três motivações principais para esse movimento:
1. Geração de renda passiva
A locação de imóveis — seja residencial, por temporada ou comercial — continua sendo uma das formas mais acessíveis e seguras de garantir renda recorrente. Plataformas como Airbnb, aluguel por assinatura e até o aluguel por hora tornam esse cenário ainda mais atrativo.
2. Valorização do patrimônio
A inflação acumulada e a volatilidade de outros investimentos (ações, criptomoedas, fundos) fazem com que o imóvel volte a ser visto como reserva de valor sólida e tangível.
3. Segurança
O imóvel ainda é o investimento de confiança do brasileiro. Em momentos de incerteza, o mercado imobiliário é tradicionalmente mais estável — especialmente em imóveis bem localizados e com demanda de locação ativa.
O que isso muda para corretores e imobiliárias?
Essa mudança de perfil de comprador exige uma nova abordagem comercial, de atendimento e até de marketing. Veja como se preparar:
✔️ 1. Ofereça consultoria de investimento imobiliário
Não basta mais mostrar a sacada gourmet e a suíte com closet. O investidor quer saber:
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Qual é o retorno estimado do aluguel?
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Quanto o imóvel se valorizou nos últimos anos?
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Existe demanda de locação na região?
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É possível adaptar para temporada, comercial ou aluguel por hora?
Tenha essas informações prontas. Prepare relatórios simples, comparativos de preço/m² e perspectivas de crescimento da região.
✔️ 2. Foque em imóveis com boa liquidez
Apartamentos studios, kitnets, imóveis perto de universidades, polos comerciais ou turísticos ganham destaque. São produtos com alta rotatividade e custo mais acessível — ideais para o investidor de primeira viagem.
✔️ 3. Crie conteúdos para atrair esse público
Quer atrair o investidor imobiliário? Comece falando a língua dele. Produza posts, vídeos ou e-books com temas como:
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“Quanto rende um imóvel alugado por temporada?”
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“Imóveis ou renda fixa: o que vale mais em 2024?”
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“Como montar uma carteira de imóveis de aluguel”
Esses conteúdos posicionam sua marca como referência em consultoria de investimentos imobiliários — e atraem clientes que não querem só comprar, mas investir com inteligência.
✔️ 4. Crie um portfólio voltado exclusivamente para investidores
Separe os imóveis com alto potencial de retorno. Dê destaque especial a produtos com:
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Localização estratégica;
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Baixo custo de entrada;
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Potencial de valorização;
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Possibilidade de múltiplos usos (residencial, comercial, por temporada, coworking, etc).
E o financiamento? Ele está ajudando?
Sim! Com a inflação controlada e taxas de juros em leve tendência de queda, o financiamento voltou a ser um aliado do investidor. Muitos optam por alavancar o capital: usam parte como entrada e financiam o restante, compensando as parcelas com a renda do aluguel.
Corretores preparados para orientar sobre linhas de crédito, simulações e condições bancárias saem na frente. Ter parcerias com bancos ou atuar como correspondente bancário pode agilizar o processo e gerar uma nova fonte de receita.
Cuidado com a concorrência: fintechs, plataformas e influenciadores
O investidor jovem está acostumado a fazer tudo pelo celular. Ele assiste vídeos de influenciadores financeiros, compara imóveis em marketplaces digitais e quer retorno rápido. Se sua imobiliária ainda funciona como uma “vitrine física de imóveis”, você pode estar perdendo espaço.
Por outro lado, quem domina as ferramentas digitais, oferece conteúdo relevante e atendimento ágil, tem uma chance de ouro nas mãos. Lembre-se: o investidor moderno quer praticidade, transparência e dados confiáveis.
Conclusão: o corretor do futuro já precisa agir no presente
O crescimento da intenção de compra de imóveis como investimento não é modismo — é um movimento cultural e econômico. Com mais educação financeira, acesso ao crédito e plataformas digitais, o brasileiro está assumindo uma postura mais ativa sobre onde e como aplica seu dinheiro.
Corretores e imobiliárias que enxergarem esse novo comportamento como oportunidade, e não apenas como mais um tipo de cliente, vão ganhar espaço, autoridade e lucratividade. A chave está em adaptar a abordagem, usar os dados ao seu favor e oferecer uma experiência completa e profissional ao investidor.
Fonte: CNN Brasil – 3 em cada 10 brasileiros pretendem comprar imóvel visando investimento, diz pesquisa