O Que Acontece Com um Imóvel Financiado Quando o Proprietário Falece?

Quando uma pessoa falece e deixa um imóvel financiado, surgem diversas dúvidas: o imóvel vai para os herdeiros? O banco pode tomá-lo? O financiamento precisa continuar sendo pago? A resposta depende de alguns fatores importantes, como a existência de seguro prestamista e a forma como o financiamento foi contratado.

Neste guia, explicamos passo a passo o que acontece com um imóvel financiado após o falecimento do proprietário e o que os herdeiros devem fazer.

🛡️ 1. O Papel do Seguro Prestamista

A maioria dos financiamentos imobiliários — especialmente aqueles realizados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) — conta com o seguro MIP (Morte e Invalidez Permanente).

Esse seguro tem a função de quitar o saldo devedor em caso de falecimento do mutuário (titular do contrato), desde que a apólice esteja ativa e as parcelas em dia.

O que o seguro cobre:

  • A parte do financiamento referente ao falecido;

  • O saldo devedor vigente no momento do óbito.

O que ele não cobre:

  • Parcelas vencidas e não pagas antes da data do falecimento;

  • Parte do financiamento correspondente a outro co-mutuarista, se houver.

📌 Exemplo: Se o imóvel foi financiado por um casal e apenas um falece, o seguro cobre apenas a parte proporcional (50%, por exemplo), e o cônjuge sobrevivente continua responsável pela parte restante.

⚠️ 2. E se o Financiamento Não Tiver Seguro?

Se o contrato de financiamento não tiver seguro prestamista, o saldo devedor será transferido para o espólio (conjunto de bens e dívidas do falecido) e deverá ser tratado no processo de inventário.

As opções nesse caso são:

  • Os herdeiros assumem o pagamento das parcelas restantes;

  • O imóvel é vendido para quitar a dívida e dividir o saldo entre os herdeiros;

  • Os herdeiros podem renunciar à herança se as dívidas forem maiores que os bens.

⚠️ Atenção: Os herdeiros não respondem com patrimônio pessoal pelas dívidas do falecido — somente até o limite dos bens herdados (art. 1.792 do Código Civil).

🏦 3. E Se Houver Mais de um Titular no Contrato?

Em financiamentos com composição de renda (por exemplo, entre cônjuges ou familiares), a responsabilidade é dividida conforme a proporção de cada um no contrato.

Se um dos participantes falece:

  • O seguro, se houver, cobre a parte do falecido;

  • O co-titular continua pagando a parte dele;

  • O imóvel entra no inventário normalmente, mas o co-titular pode continuar morando e pagando enquanto a partilha não é concluída.

📝 4. Procedimentos Após o Falecimento

Checklist para os herdeiros:

  1. Obter a certidão de óbito do mutuário;

  2. Notificar formalmente o banco ou instituição financeira;

  3. Solicitar a análise do seguro prestamista (caso aplicável);

  4. Iniciar o inventário judicial ou extrajudicial;

  5. Decidir entre:

    • Assumir a dívida remanescente;

    • Vender o imóvel;

    • Devolver o imóvel ao banco (dação em pagamento).

📊 Exemplo Prático

  • Imóvel financiado por João no valor de R$ 400.000

  • João falece com R$ 150.000 ainda por pagar

  • O contrato inclui seguro prestamista

Resultado:

  • A seguradora quita os R$ 150.000 automaticamente

  • O imóvel entra no inventário como bem quitado

  • Os herdeiros passam a ter direito à propriedade integral

Agora imagine que João não tenha seguro:

  • O valor da dívida entra no inventário

  • Os herdeiros devem decidir se assumem o saldo devedor ou se vendem o bem

🏠 O Imóvel Pode Ser Vendido Antes do Inventário?

Não. O imóvel só pode ser transferido (e vendido) após a conclusão do inventário e a expedição do formal de partilha. Esse documento é necessário para registrar a propriedade em nome dos herdeiros.

💡 Exceção: Alguns bancos permitem cessão de direitos hereditários com autorização judicial, o que pode agilizar a negociação do bem.

✅ Conclusão

A morte do proprietário de um imóvel financiado não significa automaticamente a perda do bem. Se houver seguro prestamista, o imóvel pode ser quitado e incorporado ao patrimônio dos herdeiros. Caso contrário, a dívida será discutida no inventário.

O mais importante é agir com agilidade, buscar orientação especializada e garantir que todas as obrigações com o banco estejam regularizadas — evitando juros, protestos ou ações judiciais.

Referências:

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Equipe Volsi

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