A recente deflação registrada no Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) — utilizado historicamente como referência nos contratos de locação — acendeu um alerta (e uma oportunidade) para o mercado imobiliário. Com uma variação negativa acumulada em 12 meses, o índice trouxe à tona discussões sobre redução de mensalidades, congelamento de reajustes e revisão de cláusulas contratuais.
Para o corretor ou dono de imobiliária, este é o momento de agir com estratégia e inteligência. O cenário econômico pode até parecer desafiador, mas quem entende os impactos do IGP-M e sabe como orientar corretamente seus clientes ganha autoridade, confiança e negócios.
O que isso significa para corretores e imobiliárias?
✔️ 1. Revisão e renegociação de contratos em andamento
Grande parte dos contratos de locação estipula que o valor do aluguel será reajustado anualmente com base na variação acumulada do IGP-M. No entanto, quando o índice registra deflação — como vem acontecendo — a cláusula pode prever:
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Reajuste zero, mantendo o valor atual;
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Ou, dependendo do texto contratual, até redução no valor do aluguel.
É fundamental que o corretor revise cuidadosamente os contratos e oriente seus clientes (tanto locadores quanto locatários) sobre os efeitos legais e negociais desse cenário. Muitas vezes, apenas com uma boa conversa é possível alinhar expectativas e evitar desgastes.
✔️ 2. Possibilidade de manter inquilinos e reduzir vacância
Em um momento em que muitos locadores enfrentam alta vacância em regiões comerciais e instabilidade em algumas faixas residenciais, renegociar para manter o inquilino pode ser mais vantajoso do que insistir em reajustes — ou em condições que o mercado não comporta mais.
Corretores devem se posicionar como consultores de equilíbrio entre locador e locatário, mostrando o valor da manutenção de um bom contrato de longo prazo, mesmo que isso signifique abrir mão de um reajuste automático.
✔️ 3. Adoção de novos índices como o IPCA
Com as recorrentes distorções do IGP-M — que nos últimos anos chegou a acumular altas de mais de 30% e agora está negativo — muitos profissionais já têm defendido a substituição do IGP-M pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) como parâmetro de reajuste.
O IPCA é mais estável, reflete o custo de vida real e é mais aceito pelos inquilinos, pois acompanha de forma mais fiel o comportamento da inflação sobre os produtos e serviços do dia a dia. Corretores que dominam essas informações podem orientar melhor seus clientes no momento de firmar novos contratos com previsibilidade e segurança.
Estratégias práticas para corretores e imobiliárias
✅ Faça uma varredura em sua carteira de locações
Analise os contratos ativos com cláusula de reajuste por IGP-M:
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O reajuste já foi aplicado? Era obrigatório ou facultativo?
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Houve variação negativa? O contrato prevê aplicação da deflação?
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O inquilino demonstrou intenção de renegociar?
Estar por dentro de todos os pontos de cada contrato é essencial para evitar surpresas e responder com agilidade.
✅ Seja o elo de confiança entre locador e locatário
Muitos inquilinos já estão pedindo a revisão do aluguel com base na queda do índice. Por outro lado, há locadores inseguros com qualquer alteração contratual. O papel do corretor é:
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Levar os dados corretos;
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Ajudar a calcular cenários com e sem reajuste;
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Sugerir soluções equilibradas (manutenção de valor, parcelamento de reajuste futuro, transição para IPCA etc.);
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Evitar que o vínculo contratual se rompa por falhas de comunicação.
Corretores que sabem mediar com equilíbrio fidelizam os dois lados — e são lembrados pela competência.
✅ Atualize-se e posicione-se como referência
Use o momento para reforçar sua imagem como especialista. Publique conteúdos explicativos nas redes sociais, envie e-mails para sua base e prepare materiais simples como:
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“O que fazer quando o IGP-M está negativo?”
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“Como negociar seu aluguel de forma justa?”
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“Vale a pena mudar o índice do contrato?”
Esse tipo de comunicação atrai novos clientes, educa os atuais e fortalece sua autoridade no mercado.
✅ Prepare modelos de aditivo contratual
Com tantas renegociações em andamento, é fundamental ter à disposição modelos confiáveis de:
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Aditivos para congelamento de valor;
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Troca do índice de reajuste (IGP-M por IPCA, por exemplo);
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Renovações com revisão de cláusulas.
Se possível, estabeleça parcerias com advogados imobiliários para apoiar seus clientes nesse processo com respaldo jurídico.
Conclusão: Crises são oportunidades para quem atua com inteligência
A queda do IGP-M em 2024 é apenas mais uma prova de que o mercado imobiliário é sensível às mudanças econômicas — e que os profissionais que se adaptam com agilidade se destacam.
Corretores e imobiliárias que aproveitam esse momento para orientar seus clientes com clareza, revisar contratos com estratégia e posicionar-se como consultores de confiança fortalecem sua marca, aumentam sua fidelização e conquistam novos negócios — mesmo quando o cenário parece desafiador.
Mais do que nunca, o profissional que se mantém atualizado, acessível e ético é quem lidera o mercado.
Fonte: VEJA – Inquilinos terão mensalidades menores com a queda do IGP-M?